Clientes - parte 1

Não se consegue viver com eles, não se consegue viver sem eles.
Não é inteiramente verdade, há quem o viver com clientes seja parte integral do trabalho.

Ver Shantanu Starick e The Pixel Trade project.

No entanto, para todos nós que subscrevem à necessidade de ter um sofá, é importante encontrar e manter clientes, não só para ter o proverbial pão na mesa, mas conseguir comprar o dito sofá.

Não é um processo fácil a angariação de clientes, é até um dos processos mais longos e envolvidos em qualquer profissão que envolva trabalhar para terceiros. Grande parte do tempo de actividade diário é alocado à gestão e angariação de clientes. E isto não é só o tempo que passo ao computador a responder a emails, isso é apenas uma parte da parte total do tempo despendido para clientes.

Na prática, isso acontece todos os dias, quer esteja em estúdio ou noutro trabalho de cliente, ou em pós-produção, tento que os emails sejam respondidos o mais rápido possível, no máximo no dia a seguir à recepção, que nem sempre é possível quando se tem um projecto de dois dias, e requer a nossa total atenção. O pior que posso fazer é parar o meu trabalho para um cliente para responder a um email de um outro cliente. O que acaba por parecer é que estou a usar o tempo, que o meu cliente está a pagar por, para mexer no meu telemóvel. Normalmente tenho o telemóvel na mesa, longe de mim, e aproveito
pequenas pausas no trabalho para verificar as notificações. Claro que olho para o telemóvel durante o trabalho, não sou nenhum animal…

Mas etiqueta de telemóvel à parte, é importante gerir os contactos o mais breve possível, e manter presente que quem está do outro lado não sabe, nem quer saber, se estás cansado, se a tua namorada deixou-te a noite passada, ou se a internet está em baixo. O que transparece do outro lado é que és preguiçoso e lento, e começam a duvidar se realmente querem trabalhar contigo. E isso não é bom. Nada bom.

Há um equilíbrio a atingir, a ideia geral é não deixar respostas pendentes por muito tempo, para não perder o impulso inicial. Isso só por si é um problema comum, que falarei num próximo post. No fundo, ao trabalhar para outra pessoa, há que ter cuidado com a imagem que se transmite, e acima de tudo como fotógrafo tenho que mostrar que estou em controlo, que domino a minha profissão, e que se algo não correr como esperado ou se cometer um erro, seja capaz de dar a volta ao problema, ou resolver o meu erro, sem prejuízo para o projecto. Nada é mais importante que a satisfação do cliente.

Tento sempre que na comunicação com um cliente, ou potencial cliente, a percepção seja de abertura, solícito, de assertividade da minha parte, de modo assegurar-lhes que o projecto está bem entregue nas minhas mãos, mesmo que eu tenha perdido o meu gato na noite anterior, ou a máquina fotográfica tenha decidido entregar a alma ao criador. Não tenho gatos, e tenho sempre uma máquina de reserva.

Mais para breve.

Using Format